domingo, 9 de fevereiro de 2020

A Questão


A Questão

Ao longo dos últimos duzentos anos, a posição que a maioria dos mestres e expositores Cristãos assumiu em relação a Gênesis 1:1-2 é que essa passagem se refere a uma criação original de Deus na qual, após algum tipo de julgamento, a Terra passou a um estado de caos e ruína. Então, em Gênesis 1:3-31, em seis dias literais, Deus empenhou-Se em uma reconstrução da Terra, com a criação da vida animal e a raça humana sendo acrescentada à reconstrução (vs. 21, 27). Os que ensinam sobre a Bíblia concluíram, portanto, que há um período de tempo não revelado entre a criação da Terra (vs. 1-2) e sua reconstrução (vs. 3-31). Eles não tentam calcular quanto tempo durou esta lacuna, porque a Escritura se cala sobre isso, mas simplesmente reconhecem que ela existe. Alguns especularam que a lacuna pode ter sido de milhões de anos e isso talvez explique a presença dos fósseis nas camadas geológicas da crosta terrestre, que eram as criaturas que faziam parte da criação original da Terra.
Essa interpretação tem sido a crença de praticamente todos os estudiosos respeitados da Bíblia do século XIX e do início do século XX – de J. N. Darby, G. V. Wigram, W. Kelly, C. H. Mackintosh, F. W. Grant, W. Scott, A. J. Pollock – a C. I. Scofield, R. A. Torrey, E. Schuyler English, A. C. Gaebelien, H. A. Ironside, M. F. Unger, etc. Os cabeçalhos da “Bíblia de Estudo Scofield” em Gênesis 1 refletem essa interpretação. Lá diz: Versículo 1 – “A Criação Original”; versículo 2 – “A Terra Torna-se Sem Forma e Vazia pelo Julgamento”; e versículos 3-31 – “Um Novo Começo – O Primeiro Dia etc.”
Apesar dessa interpretação geralmente aceita, a maioria dos Cristãos evangélicos de hoje acredita que esses estudiosos estão equivocados em sua visão de Gênesis 1 – principalmente porque certas coisas foram descobertas na ciência e na geologia nos últimos 50 ou 60 anos. Os “Criacionistas da Terra Jovem” (como são comumente chamados) são Cristãos que rejeitam a ideia de que havia uma Terra original criada por Deus antes da que foi reconstruída e que é a que vivemos hoje. Em seu modo de interpretar Gênesis 1, eles veem os versículos 1-2 como parte da obra de Deus nos seis dias relatados nos versículos 3-31. (Isso é em essência um ressurgimento de ensino reformado sobre Gênesis 1 – isto é, Martinho Lutero, João Calvino, Matthew Henry etc.) Para os Criacionistas da Terra Jovem, Gênesis 1 é, por completo, uma explicação contínua da criação. Eles concluem, portanto, que o registro de Gênesis indica que a Terra é relativamente jovem – cerca de 6.000 anos de idade – porque (dizem eles) os seis dias em Gênesis 1, quando o tempo começa, marca o princípio da criação de Deus. Eles têm empregado grandes esforços para tentar convencer o mundo Cristão disso – usando a ciência, os registros fósseis, bem como interpretações errôneas da Escritura. A questão é: “Qual dessas duas crenças está correta?” e, “Isto é importante?”.
Aqueles que sustentam a ideia de haver uma lacuna não veem esse tema como sendo vital (pois não toca a Pessoa de Cristo ou a Sua obra de expiação), mas os Criacionistas da Terra Jovem acreditam que isso é muito importante. Eles enfaticamente insistem que a Terra é jovem e a principal razão para isso é que essa ideia é uma ferramenta útil para desbancar as teorias errôneas da Evolução, que requerem longos períodos de tempo para que as coisas evoluam lentamente. Sustentar que existe uma lacuna em Gênesis 1 – que os Criacionistas da Terra Jovem chamam de “a Teoria da Lacuna” – é, em suas mentes, um terrível compromisso com as falsas noções da Evolução. Esses homens acreditam que a ideia de uma lacuna favorece a Evolução e, assim, enfraquece a mensagem do evangelho. Eles acham que é um erro grave e contraproducente para todo o propósito para o qual os Cristãos foram colocados neste mundo, que é espalhar o evangelho.
Por outro lado, os que creem na lacuna predominantemente, se não exclusivamente, usam a Palavra de Deus para apoiar suas crenças a respeito da criação e deixam a ciência fora da discussão. Eles não acreditam que sustentar o que a Escritura diz sobre esse assunto (ou sobre qualquer outro assunto) poderia enfraquecer a mensagem do evangelho pregada ao mundo, porque Deus não ensina coisas em Sua Palavra que destruam a verdade declarada em outras partes de Sua Palavra. Os que sustentam que houve uma lacuna creem que o que faz com que uma pessoa creia no evangelho é o resultado do poder vivificador de Deus nas almas (Ef 2:5) e que os ateus não se convencerão de que suas crenças sobre a evolução estão erradas por bons argumentos embasados cientificamente. Os que creem na lacuna veem na Escritura que os Cristãos não foram chamados para argumentar com os infiéis e, portanto, não têm interesse em convencer homens perdidos da existência de Deus e de Sua criação. Eles se contentam em deixar os resultados do evangelho com Deus, o Único que tem o poder de levar os homens ao arrependimento e à crença no Senhor Jesus Cristo. Assim, os que creem na lacuna veem que as premissas das crenças dos Criacionistas da Terra Jovem estão erradas – além de discordarem da Escritura.

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